O fim do tamanho único

Você já teve a sensação de ter comprado algo que não te serviu? Você provou o tamanho M, provou o G e apesar de não ter ficado 100% satisfeito com nenhum dos dois, levou o que você achou “menos pior” e depois não ficou feliz com o resultado?

Camisetas, calças, casacos, luvas, blusas, chinelos, tênis.. todos estes itens, você ainda tem um certo leque de opções para escolher: seja número, tamanho, modelagem e etc.

Agora.. e os produtos que não tem variação?

Livros por exemplo. Se você gosta (consegue ler melhor) em arial 8 ou times new roman 32, você não tem escolha. Ou melhor: não tinha.

A tecnologia permite cada vez mais que sua experiência seja customizada. E o kindle (leitor digital da Amazon), permite que você escolha a fonte e o tamanho da fonte que você usará para ler seu livro preferido.

Ou seja, se a tecnologia vem permitindo cada vez mais que produtos ‘tradicionais’ sejam consumidos de maneira personalizada, os produtos digitais vão precisar entender que “a experiência única” ou o one-size-fits-all será cada vez mais desvantajoso.

E para você não achar que eu tô pirando, deixa eu te dar 2 bons exemplos.

NETFLIX.

Não só a Netflix faz a personalização da pagina inicial para te apresentar o conteúdo com maior compatibilidade com seus gostos, mas a empresa também vem desenvolvendo a alguns anos – desde 2017 no mínimo – a personalização das imagens de capa dos filmes (chamadas de thumbnails).

Esta é mais uma maneira que difere a Netflix da competição: nós não temos UM produto e sim 100 milhões de diferentes produtos – um para cada um dos nossos assinantes, com recomendações e visualizações personalizadas.

Netflix Tecnology Blog, dez 2017

E aqui embaixo, duas capas do filme “Gênio Indomável” de 1997.

A 1ª imagem (ou da esquerda) é mostrada para usuários com histórico de assistirem mais filmes de comédia ou para usuários que gostam de filmes com Matt Damon.

Já a 2ª imagem com Robin Williams é mostrada para usuários com histórico maior de comédias.

Stranger Things é um título que a Netflix teve oportunidade de testar dezenas de diferentes thumbnails para engajar um conjunto amplo de usuários possivelmente interessados:


Tá, mas eu não sou uma mega empresa listada em bolsa. Ainda sim, é importante personalizar a jornada do meu usuário?

Na minha humilde opinião, sim. Como alguém que já trabalhou em vendas, pós-vendas, customer success, eu vejo que customização em massa é uma tendência possibilitada pela tecnologia e cada vez mais apreciada pelos clientes/usuários.

Outro exemplo bem bacana de uma empresa que usa bem a personalização é a Elevate Labs, desenvolvedora de 2 apps: balance e elevate.

O aplicativo de meditação deles, o Balance, compete em um nicho cheio de competidores de peso: Breethe, Headspace, Calm, buddhify, iBreathe, Oak, …

Então o diferencial proposto por eles é uma jornada personalizada pelo usuário de maneira guiada.

De um jeito diferente da Netflix que usa o comportamento do usuário como mecanismo de personalização, o Balance usa preferências do usuário para personalizar a jornada.

Desde quando você instala o app, você vai respondendo perguntas sobre as suas preferências: qual a duração da meditação que você quer fazer, qual motivo, a voz de quem narra.

E toda vez que você vai fazer uma nova sessão, o app te pergunta sobre a sessão anterior.

Com base na sua resposta, o conteúdo da meditação muda.

Então, se você parar para analisar, não é uma experiência absolutamente personalizada. O time da Elevate Labs foi pré-idealizando opções e com isto criou uma jornada “mais específica” para cada caso. É uma personalização massificada.

Na minha última sessão, eles disseram: “na última sessão você aprendeu duas práticas fundacionais: respiração focada e escaneamento corporal. Qual te ajudou mais?”

E eu respondi que tinha sido “escaneamento corporal”.

Além de mostrar uma estatística da resposta dos usuários, na sessão seguinte, o narrador mencionou o fato de eu ter achado o escaneamento mais útil.

Claramente, o caminho foi previamente idealizado, mas a minha sensação foi ótima: “estão usando meu feedback”.

E você, concorda comigo ou acha que a personalização é modinha?

E aproveitando que você chegou até aqui, você tem algum produto digital favorito? Que você ache a experiência incrível e que ganhou seu coração? Me conta qual é?🙏 Pode ser no direct do linkedin, insta ou até no email aqui.

Tô montando uma pastinha aqui com os melhores apps / produtos como parte de um estudo meu 🙂

Publicado por Leo Dabague

Maker, economista, curioso, aprendiz e incomodado. Hoje sou diretor em uma Startup de tecnologia para varejo. Ajudei a construir / sustentar a escalada de 40 para mais de 850+ pessoas em menos de 5 anos.

Um comentário em “O fim do tamanho único

Deixe um comentário